No passado dia 13 de Abril em Frankfurt (Alemanha), no decorrer da cerimónia de entrega dos KNX Awards 2010, a Cisco tornou-se o membro número 200 da associação Konnex . A associação konnex é a associação detentora e gestora do protocolo de gestão técnica e domótica – KNX. A integração deste importante fabricante de equipamentos de networking na Konnex, vem comprovar que as Redes são/vão ser elementos fundamentais nos novos edifícios digitais, não só como sistemas de apoio aos sistemas de comunicações como sejam a voz, os dados e a TV, mas também no seu controlo e gestão.
Mas porque é que um dos mais importantes, se não o mais importante fabricante de equipamentos de networking se torna membro de uma associação responsável por um protocolo de controlo de edifícios?
A resposta não é simples, vamos por partes.
A esmagadora maioria das instalações eléctricas dos edifícios e das habitações de hoje em dia, realizam-se do mesmo modo que há 50 anos atrás. Talvez seja um exagero, porque no que diz respeito aos aspectos de segurança, as instalações eléctricas evoluíram muito. Contudo, a filosofia é a mesma que nos anos 60 do século passado. Utilizam-se os mesmos interruptores, os mesmos comutadores de lustre (duas teclas, para quem não está familiarizado) e comutadores de quarto ou escada que abrem e fecham os circuitos e alimentam de energia os equipamentos. As companhias de água, gás e electricidade continuam a mandar-nos ao fim do mês uma factura com o consumo global, não conseguindo perceber-se como e quando gastámos essas energias e recursos.
Neste período, de meio século, tudo mudou, a começar pelas telecomunicações. Hoje, os telefones já não estão agarrados à parede, andamos com pelo menos um no bolso! A TV chega pelo cabo do telefone. Temos os computadores, as redes de dados e claro a Internet. A nossa atitude perante os fornecedores também mudou. Não é admissível uma factura de telecomunicações que refira apenas os “impulsos” telefónicos que gastámos. As facturas detalham com todo o rigor a quem ligámos, quando e quanto tempo falámos. De uma forma geral tornamo-nos mais exigentes e a tecnologia deu resposta a muitas necessidades latentes. Por exemplo, hoje, é impensável comprar uma televisão sem telecomando! Porque não temos a mesma atitude perante os nossos edifícios?
Para que o comando que usamos para a TV possa servir para desligar uma luz ou descer uma persiana é necessário introduzir uma nova forma de projectar e executar as instalações eléctricas dos edifícios. Necessitamos de introduzir actuadores que executem as ordens enviadas e possam abrir e fechar os contactos em substituição dos actuais interruptores e comutadores. As ordens de abrir e fechar, subir/descer, etc, podem ser dadas a partir de sensores (botões, transdutores de grandezas físicas, etc). Podemos ainda “virtualizar” os sensores num qualquer ecrã, de um computador, de um telemóvel ou de uma TV.
Surge assim a necessidade de uma rede paralela para o envio de ordens – o BUS de comunicação. Com a introdução do BUS, é necessário definir um sistema de comunicação que permita os dispositivos, actuadores e os sensores, comunicarem entre si. A definição das regras de comunicação, dos tipos de dados e do tipo sinalização a adoptar constitui o protocolo de comunicação. Há protocolos específicos para o controlo de edifícios, como por exemplo o protocolo KNX entre outros.
Quando passamos a ter as ordens num BUS de comunicação, as possibilidades passam a ser infinitas. Para além do comandando convencional das instalações, podemos facilmente reprogramar o comportamento dos nossos sensores, podemos automatizar uma sequência de acções. É fácil implementar acções que seriam difíceis e complexas de fazer com uma instalação eléctrica convencional. Por exemplo, é possível dispor de um botão que accione uma configuração de saída de casa na qual se desliguem todas as luzes e se desçam os estores. Num edifício de serviços, fonte de muitos desperdícios como sabemos, a tecla sair/fecho do edifício para além de desligar a iluminação poderá ainda fazer o corte de água das instalações sanitárias onde há sempre torneiras a pingar, autoclismos que vertem. Uma estação meteorológica pode avaliar uma série de parâmetros, como sejam: a radiação solar, a localização do sol e as temperaturas interiores e exterior de um edifício, e decidir baixar ou não as persianas de uma determinada fachada de forma a reduzir o sobre aquecimento do edifício devido à radiação solar. A medição de consumos de energia e outros recursos é outro dos aspectos no qual os sistemas de gestão técnica e domótica podem contribuir de forma decisiva. Com alguma facilidade podemos registar os consumos de energia e analisá-los graficamente – os designados smart meters.
Integrando todos estes dados num servidor Web podemos facilmente verificar e alterar o estado da habitação ou de um edifício através de um simples browser Web. Podemos desta forma controlar a habitação desde o interior, através da rede de dados interna, ou do exterior, através da Internet.
Fonte: pplware.sapo.pt